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domingo, 20 de setembro de 2009

Cansei de SÓ falar com Deus!

É isso mesmo que você está lendo. Tenho falado com Deus e sinto que minha alma continua sedenta dEle. Vejo que falar com Deus não é o bastante, nem mesmo só louvá-lo e conhecê-lo através de sua Palavra. Quero uma relação mais íntima, que eu possa me achegar a ponto de apalpá-lO, senti-lO. Gilberto Gil, em uma de suas sublimes composições, nos apresentou um caminho para falar com Deus. Depois de experimentar esse caminho e falar com o Pai, obtive dEle mesmo uma resposta para a minha alma: Ele me disse que na verdade quer mais de nossa relação, e que posso, além de falar, me aproximar dEle tão perto a ponto de enxergá-lo e tocá-lo. E eis que Deus me apresentou um caminho que me levaria para bem junto dEle. Mas um caminho bem diferente do que usei para falar-lhe. E eis abaixo o que aprendi enquanto falava com Deus.

Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que sair para o mundo em direção ao próximo

Se eu quiser falar com Deus, tenho que apagar a luz
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que iluminar a vida dos que vivem em trevas
Se eu quiser falar com Deus, tenho que calar a voz
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que ouvir a voz dos que clamam
Se eu quiser falar com Deus, tenho que encontrar a paz
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que ser a paz num mundo em guerra
Se eu quiser falar com Deus, tenho que folgar os nós dos sapatos, da gravata, dos desejos, dos receios
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que atar, nos injustiçados, os fios de esperança que o mundo cruelmente já cortou
Se eu quiser falar com Deus, tenho que esquecer a data
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que lembrar que HOJE é o último dia para amar
Se eu quiser falar com Deus, tenho que perder a conta
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que fazer a conta dos meus atos e concluir que ainda estou em débito
Se eu quiser falar com Deus, tenho que ter mãos vazias
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que ter mãos cheias prontas para doar vida
Se eu quiser falar com Deus, tenho que ter a alma e o corpo nus
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que calçar as sandálias e sair para vestir o próximo
Se eu quiser falar com Deus, tenho que aceitar a dor
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que ser um bálsamo
Se eu quiser falar com Deus, tenho que comer o pão que o diabo amassou
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que distribuir o pão nosso
Se eu quiser falar com Deus, tenho que virar um cão, tenho que lamber o chão dos palácios, dos castelos suntuosos do meu sonho
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que virar um cordeiro e me deixar ser guiado pelo bom Pastor

Se eu quiser falar com Deus, tenho que me ver tristonho
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que devolver a alegria aos que choram
Se eu quiser falar com Deus, tenho que me achar medonho e apesar de um mal tamanho alegrar meu coração
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que deixar de ser indiferente e chorar meu coração diante da injustiça
Se eu quiser falar com Deus, tenho que me aventurar
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que me aquietar e aceitar que sou somente instrumento, e que a obra é dEle, através de mim
Se eu quiser falar com Deus, tenho que subir aos céus sem cordas pra segurar
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que descer ao pó sem vergonha de me sujar
Se eu quiser falar com Deus, tenho que dizer adeus
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que dizer olá!
Se eu quiser falar com Deus, tenho que dar as costas, caminhar decidido, pela estrada que ao findar vai dar em nada, nada, nada, nada, do que eu pensava encontrar
Mas se eu quiser ver a Deus, tenho que olhar de frente, correr confiante, pela ruela que ao findar vai mostrar que tudo, tudo, tudo, tudo, que eu jamais imaginava encontrar, se resume a servir e amar como Ele amou.
Nenhuma outra causa pode ser mais dignificante, mais grandiosa e realizadora para a natureza humana do que contemplar e alcançar o próximo. Mas só conseguimos contemplá-lo quando deixamos de olhar para nós mesmos. Quando deixamos de lado os nossos interesses mais egoístas e enxergamos as necessidades dos que gemem o estômago, a alma e o coração. É no outro que nos reconhecemos e vemos nossa condição, pútrida e fétida, ou bendita. É quando nos negamos a nós mesmos que enxergamos o outro, e só assim acabamos por ver a Deus. É olhando e nos aproximando do outro que deixamos de adorar a nós mesmos, e passamos a servir e adorar o verdadeiro Deus. É quando colocamos o engrandecimento e crescimento do outro como a maior de nossas prioridades que finalmente sentimos o que é amar, e então vivemos Deus. É quando tornamos o outro a nossa maior causa e missão que encontramos o ápice de nossa realização como gente.
Mas onde está o outro, onde está o próximo? Bem aí, do seu lado, no trabalho, em casa, na igreja, no clube, mas principalmente nas ruas. Esse local que nos recusamos a pisar, que passamos indiferente em nossos carros confortáveis e refrigerados. Esse lugar que nos recusamos a pisar porque nos expõem à vida real, como ela é. Nos expõe aos odores, e não aos aromas. Que nos expõem às feridas e cicatrizes, e não às teses límpidas. Nos expõem ao suor e calor, e não aos refrigérios artificiais. Que nos expõem às ameaças, e não à falsa “tranqüilidade” das grades, muros, guaritas e alarmes.
Quando você olha para si mesmo, a única coisa que consegue enxergar é o quanto está distante de Deus. É na hora que você olha para as carências do outro que você encontra o caminho para achar esse Deus. Aproximando-se do próximo você começa a caminhar na direção de Deus. E é quando se contempla o sorriso de gratidão no rosto antes entristecido pelas amarguras da vida, que finalmente enxergamos a face de Deus.
Se quiser ver a Deus, caminhe na direção do próximo. É lá que Ele está.

Paulo Angelim
Consultor e Palestrante nacional em Marketing, Vendas e Motivação

Extraído do site:http://www.pauloangelim.com.br

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